sexta-feira, 26 de março de 2010

Ùltimas lembranças


Dessas últimas lembranças que me restam
do tempo em que eu me sentia feliz (e não
sabia) – era a abundância do céu.
Algumas vezes, eu me achava diminuída
sob esse azul dilatado na areia branca da praia.
Sentia-me quase como uma minúscula formiga
no centro de um imenso deserto...

Agora, tudo se modificou – não mais existe
paisagem lá fora. Esse vento já não me fareja
a face como antes... Mas, esse azul irresistível
e irreversível persiste em meus olhos. Bebo esse
vento azul sem pedir licença a ninguém...

O que fazer com esses pensamentos que nos
chegam de súbito nas ocasiões mais impróprias?
Há ruídos anônimos que nos persegue pela
madrugada nesta cidade deserta – como um
grito desgarrado de uma locomotiva que
apenas rompe o silêncio ameaçador.

Existe o silêncio de um primeiro olhar de desejo
que ninguém vê – trêmulo ao ser descoberto
num perfeito entardecer nas montanhas.
Ah! Se eu pudesse viver novamente minha vida
– teria uma alma secreta palpitando em mim.

Transformo as mínimas sensações em grandes
vivências – com os olhos e os ouvidos bem
atentos. Fluem vozes e o mundo inteiro ressoa...
Como uma exploradora, vou me aventurando por
territórios desconhecidos, fazendo minhas
descobertas no cotidiano.




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