quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Cartas de amor

Ontem adormeci sorrindo.
Sorri ao relembrar aquele tempo em que entre nós havia a distância e as cartas de amor. Aquele tempo tão recente mas ao mesmo tempo tão distante.
Cartas de amor.... qual personagens de uma novela de Camilo; qual escritores lusitanos naquela época de amores de perdição.
Sorri ao relembrar o papel, a caligrafia, o conteúdo, os detalhes, a suavidade do perfume; a pensar em como as guardo religiosamente, enroladas numa fita vermelha, dentro de uma caixa dourada. Mais piroso é impossível, mas há que entender: foi assim que este grande amor começou.
Não me envergonho, nem me preocupo. Revejo-me em 
 

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas,
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
 

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